Inteligências Multiplas

15/06/2013 08:46

 

O presente artigo trata de uma análise da evolução da escola pela aplicação de novas teorias, formuladas pelos mais diferentes pensadores dos últimos séculos, porém, irei me deter na teoria da Inteligência Emocional, desposada já por alguns respeitáveis autores dos séculos XX e XXI.

 

Não é de hoje que se teoriza a respeito da reestruturação da escola e de um melhor aproveitamento dos recursos naturais, humanos, psicológicos e emocionais aplicáveis a educação com o fim de melhorá-la e torná-la mais humana.

 

Das muitas teorias algumas foram testadas e aplicadas à realidade em diferentes épocas da história da humanidade. À guisa de exemplo podemos lembrar que, Rui Barbosa já falava que a instrução do povo tem especialmente em mira habilitá-lo a governar a si mesmo. (Filho, 1956. p. 17).

 

Antes disso, houve o movimento da chamada Escola Nova que de fato influenciou Rui Barbosa, que a introduziu no Brasil em 1882. Os primeiros grandes inspiradores da Escola Nova foram o escritor Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) e os pedagogos Heinrich Pestalozzi (1746-1827) e Freidrich Fröebel (1782-1852). O grande nome do movimento na América foi o filósofo e pedagogo John Dewey (1859-1952). O psicólogo Edouard Claparède (1873-1940) e o educador Adolphe Ferrière (1879-1960), entre muitos outros, foram os expoentes na Europa.

 

A Escola Nova recebeu muitas críticas. Foi acusada principalmente de não exigir nada, de abrir mão dos conteúdos tradicionais e de acreditar ingenuamente na espontaneidade dos alunos. A leitura das obras e a análise das poucas experiências em que, de fato, as idéias dos escolanovistas foram experimentadas com rigor mostram que essas críticas são válidas apenas para interpretações distorcidas do espírito do movimento.

Apesar de todo o seu sucesso, a Escola Nova não conseguiu modificar de maneira significativa o modo de operar das redes de escolas e perdeu força sem chegar a alterar o cotidiano escolar.

 

Hoje, quando continuamos a buscar rumos para nossa educação, as idéias e experiências dos autores da Escola Nova, mesmo que contenham algumas concepções ultrapassadas ou ingênuas, podem continuar nos servindo como fonte de prazer literário e de inspiração pedagógica.

 

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

 

Nas últimas décadas, com a volta da democracia ao Brasil, o desenvolvimento da cidadania ganhou uma nova importância. Surgiu a necessidade de preparar os alunos para viver em uma sociedade na qual os problemas são discutidos coletivamente, o diálogo e a cooperação tentam superar a violência e é preciso não se alienar da vida política, sob o risco de deixá-la livre para os políticos aproveitadores e para a corrupção.

 

Mas como podemos construir cidadania, desenvolver em nossas crianças o interesse pela vida e pelos problemas de nossa sociedade e despertar nelas a vontade de participar ativamente de uma democracia em constante construção?

 

Alguns autores vão ao extremo de defender o auto-governo nas escolas. Por exemplo:

 

Unicamente a vida social entre os próprios alunos, isto é, um auto-governo levado tão longe quanto possível e paralelo ao trabalho intelectual em comum, poderá levar a esse duplo desenvolvimento de personalidades donas de si mesmas e de seu respeito mútuo. (PIAGET, 1948, p. 63).

 

Apesar de radical, a idéia apresenta um ponto de vista que parece claro: só crianças que dialogam, discutem, tomam e aplicam decisões em equipe estarão se preparando bem para ser cidadãos de uma democracia, ou seja, para dialogar e tomar decisões em conjunto sem recorrer ao autoritarismo.

 

O problema é saber o que vai preparar melhor a criança para seu futuro papel de cidadão. Será o hábito da disciplina exterior adquirido sob a influência do respeito unilateral e da coerção adulta, ou será o hábito da disciplina interior, do respeito mútuo e do auto-governo. (PIAGET, 1994, p. 270).

 

Não que a disciplina não seja importante para Piaget e para muitos outros autores. Muito pelo contrário. Eles acham que ela é tão importante que só pode ser implantada pelas próprias crianças.

 

Uma escola em que os alunos, além de aprender sobre os grandes problemas do país e do mundo, têm muitas chances de debater entre si, de criar regras, de trabalhar em equipe será um lugar onde haverá mais Construção da Cidadania do que em locais onde as crianças apenas recebem, passivas, lições sobre a democracia...

 

No início do século XX desenvolveram-se, a partir dos estudos de Binet e Simon (1905), os testes de Inteligência, criados com o objetivo de identificar crianças com dificuldades cognitivas e determinar os requisitos básicos para elas frequentarem cada ano das séries escolares, o que levou mais tarde a popularização dos testes de Q.I. A inteligência, segundo aqueles conceitos, seria nada mais do que uma habilitação geral para resolver problemas.

 

Apesar das controvérsias, o teste foi amplamente popularizado e passou a ser uma referência generalizada nas escolas do mundo inteiro. Obviamente o teste poderia ser aplicado a certos indivíduos, mas não em outros, já que a sua aplicação parte do pressuposto do domínio de linguagem e do pensamento lógico-matemático, o que exclui indivíduos que não tenham adquirido estas habilidades, por talvez terem outra cultura, como indígenas, analfabetos e etc.

 

 Além disso, é sabido que em todo mundo existem ou existiram inúmeros exemplo de pessoas mentalmente privilegiadas, embora dotadas de pouca ou nenhuma instrução formal. Isto posto, se vê que este teste não é inteiramente válido para medir a inteligência, mas é útil para prever tendências e potencialidades. Binet pode-se dizer, deu início a uma teoria que tem intrínseco valor, porém, se mostrando ainda incompleta.

 

Segundo Gardner, (apud Sabbi, 2004,p.47) autor da Teoria das Inteligências Múltiplas, a inteligência é um conjunto de aptidões, cada uma delas com determinado grau de desenvolvimento e voltada para uma habilidade específica, diferente em cada indivíduo. Assim, alguém poderia ser genial em um tipo de inteligência e absolutamente incapaz em outros.

 

Segundo estudos científicos baseados na visão de Gardner existem os seguintes tipos de inteligência:

  1. Inteligência verbal ou lingüística – Habilidade de expressar-se de forma clara e objetiva, tanto verbalmente como por escrito. Esta habilidade é forte em compositores, oradores, escritores, professores, vendedores e em inúmeros outros profissionais.
  2. Inteligência lógico-matemática – Habilidade de desenvolver ou acompanhar cadeias de raciocínios, de resolver problemas lógicos e de lidar bem com os cálculos e números. Normalmente encontrada em matemáticos, economistas, advogados e outros.

Estas duas inteligências somadas eram (são) medidas para definir o QI.

  1. Inteligência espacial – Habilidade presente em pessoas que podem extrapolar situações espaciais para o concreto e vice-versa e enxergar as projeções geométricas no espaço. No dia-a-dia, pode ser vista em mestres-de-obras que sabem visualizar a planta da casa que vêem no papel, em economistas, arquitetos, engenheiros, matemáticos, físicos, cirurgiões, etc.
  2. Inteligência musical – É como uma língua especial, falada por músicos geniais, ou por quem toca instrumentos, compositores ou mesmo por aqueles que possuem habilidades para utilizar bem a música em suas atividades. É fácil saber se uma música expressa sentimentos como, por exemplo, alegria ou tristeza, e sabemos que essa expressão artística pode induzir esses e outros sentimentos.
  3. Inteligência corporal-cinestésica – É a capacidade de resolver problemas ou expressar-se (através de danças, movimentos atléticos, gols de bicicletas, etc.) utilizando o corpo inteiro ou parte dele. É a inteligência do movimento, da expressão do rosto e da linguagem corporal, que é utilizada por todos, consciente ou inconscientemente.
  4. Inteligência intrapessoal – Está ligada à maneira como tomamos consciência dos nossos sentimentos, como nos vemos e como percebemos as nossas limitações e potencialidades. Quando bem desenvolvida, as pessoas apresentam pensamentos e atitudes positivos, pois a imagem que fazem de si mesmas é de autoconfiança, amor próprio e crenças positivas que as fazem sentir-se capazes de vencerem os desafios da vida de uma forma competente e saudável, com alegria de perceberem-se únicas e em processo de evolução constante. É a inteligência que mais se relaciona com a auto-estima.
  5. Inteligência interpessoal – É a consciência que a pessoa tem de sua relação com os outros, de seus vínculos afetivos e de como interage com eles. A inteligência interpessoal é a maneira como construímos nossas relações com outras pessoas e a forma como nos sentimos em relação a elas. Seu uso efetivo está relacionado às habilidades de liderança, gerenciamento, negociação, bem como à solidariedade e à capacidade de atuar em grupo.

 

As inteligências intrapessoal e interpessoal constituem a Inteligência Emocional.

Outras inteligências, citadas pelo autor, que ainda estão em estudos:

  1. Inteligência naturalista – Está presente nas pessoas que têm facilidade de diferenciar os diversos tipos de árvores, plantas e animais, e que têm interesse e motivação para estudá-los. Comum entre os ecologistas.
  2. Inteligência pictórica – Expressa-se pela capacidade de comunicação através do desenho gráfico. Sabemos que os traços manifestos no desenho revelam em muito, o que se passa no interior do indivíduo, independentemente de sua habilidade para desenhar.
  3. Inteligência Existencial – Inclui a questão de valores, transcendência e espiritualidade.

 

Com a evolução da compreensão da inteligência, torna-se necessário um novo projeto educacional em que a escola se proponha a levar em conta que as crianças precisam ser educadas com base nesta multiplicidade de aspectos. Nem todos podem ser medidos com exatidão, uma vez que cada indivíduo é diferente em termos cognitivos e psicológicos.

 

A abordagem das múltiplas inteligências postula que as pessoas:

  • Têm necessidades diferentes;
  • Têm vivências anteriores diferentes;
  • Percebem as informações culturais de modo diferente;
  • Possuem diferentes estruturas motivacionais e cognitivas para assimilar noções e conceitos;
  • Têm forças cognitivas e estilos de aprendizagem diferentes;

 

Portanto, os procedimentos educacionais, a partir desta nova visão de inteligência, deverão sofrer mudanças profundas.

 

Este novo modelo inclusive permite perceber que as crianças com dificuldades em alguns tipos de habilidades, como as ligadas à matemática e a expressão verbal, por exemplo, podem também buscar outras formas alternativas de aprendizagem nas outras habilidades, através das quais possuam mais probabilidades de se expressa com sucesso.

 

As mudanças rápidas na tecnologia e na sociedade exigem um novo projeto mais holístico, que possa abranger uma educação em diversos níveis, enfatizando o desenvolvimento das áreas intrapessoal e interpessoal, que constituem a inteligência emocional.

 

Passar os conhecimentos levando em conta as necessidades intelectuais, mas também as afetivas, sociais e transcendentes, são essenciais para o novo tempo em que estamos vivendo, onde tudo se relaciona com tudo e onde a informação é instantânea.

 

É preciso aprender a administrar este conjunto interatuante de pontos de referência. Neste novo tempo, onde os velhos paradigmas já não servem mais, é necessária toda uma educação posta em termos de atitude reflexiva e de valores que possam servir de bússola neste mar imenso de informações.

 

A partir da Teoria das Inteligências Múltiplas surge a concepção de que a genialidade pode acontecer em habilidades específicas. Assim, uma pessoa pode desenvolver um ou mais tipos de inteligência e outros menos, numa combinação diferente para cada indivíduo.

 

Assim cumpre que entendamos as diferentes características que se juntam para formar as diferentes inteligências:

 

A inteligência intrapessoal é o conjunto de habilidade de auto-conhecimento emocional, auto-regulação, controle emocional e auto-motivação. É a inteligência voltada para um modelo verdadeiro e preciso de si mesmo, para ser usado de forma efetiva e construtiva.

 

A inteligência intrapessoal é aquela através da qual você se comunica consigo mesmo. É o modo com você lida com seus sentimentos de alegria e emoção ou de raiva e tristeza, por exemplo.

 

A inteligência intrapessoal nos permite criar em nós mesmos uma base sólida de auto-aceitação, auto-respeito e autoconfiança, por meio da qual podemos desenvolver um bom diálogo interior e construir uma competência emocional equilibrada.

 

O fato de sabermos lidar com as nossas frustrações, desilusões e medos constitui-se a base da inteligência emocional. Hoje sabemos que o indivíduo que consegue equilibrar e ponderar os seus sentimentos geralmente consegue obter mais sucesso na vida, tanto pessoal, quanto profissionalmente, como tem sido verificado através de centenas de pesquisas nos últimos anos, conforme apresentadas principalmente por Daniel Goleman.

 

Não podemos ter um bom relacionamento com outras pessoas se não gostarmos de nós mesmos. O amor e o respeito em relação aos outros é conseqüência do amor e do respeito que temos conosco, o que se relaciona com nossa auto-estima.

 

Elementos que constituem a Inteligência Intrapessoal:

  • Auto-consciência de nossas sensações, emoções, reações, impulsos, desejos, sentimentos, intuições e capacidade de nomear os sentimentos.
  • Confiança, senso de controle e domínio sobre a maneira de encarar nossas probabilidades de venceremos ou de fracassarmos nos projetos que colocamos em prática.
  • Curiosidade, que é uma maneira de expressar nossa vontade de descobrir coisas; nosso prazer em conhecer coisas novas.
  • Auto-regulação, a maneira como ajustarmos nossos estados de espírito. Inclui a capacidade de retomarmos uma posição de equilíbrio após perdermos a calma, após percebermos o motivo que nos aborreceu, sem dificuldade de reconhecermos o nosso engano.
  • Auto-motivação ou capacidade de colocarmos as emoções a serviço de uma meta.
  • Auto-controle, a capacidade de controlarmos as emoções, de lidarmos bem com a questão de limites, de percebermos a adequação das atitudes em relação a determinado contexto.
  • Intencionalidade, a intenção real de nos sentirmos com raiva, com medo, ou de sentirmos amor por alguém, de vivermos a felicidade de uma conquista.
  • Capacidade de superar frustrações e aflições, de vencer estados limitantes, como depressão, angustia, ansiedade.
  • Intuição, uma faculdade de percepção superior, uma espécie de inspiração que permite o conhecimento direto de uma idéia ou realidade.

 

A Inteligência Interpessoal por outro lado pode ser identificada como um conjunto de habilidades para entender outras pessoas, o que as motiva, como trabalham, e também para lidar com seus sentimentos e com a própria relação com elas, o que inclui saber trabalhar cooperativamente.

 

Esse conjunto de habilidades apresenta desdobramentos relevantes em situações de relacionamentos:

  • Empatia, sintonia pessoal, que permite identificar e entender os desejos e sentimentos das pessoas;
  • Senso comunitário, capacidade de responder (reagir) buscando canalizar interesses comuns;
  • Capacidade de motivar, ajudar as pessoas a liberarem seus talentos; as pessoas que apresentam esta habilidade podem ser excelentes gerentes e vendedores;
  • Habilidade de negociar soluções, quando necessário o papel de mediador, prevenindo e resolvendo conflitos, sendo característica a diplomacia no argumento e na busca entender os pontos de vista alheios;
  • Sensibilidade interpessoal, capacidade de detectar e identificar os sentimentos e as motivações das pessoas;
  • Compreensão de como as pessoas se sentem ou como são motivadas, o que ajuda a estabelecer sintonia interpessoal;
  • Senso de organização de grupos, onde a liderança é essencial e envolve iniciativa e coordenação de esforços de um grupo; não é o poder dado por cargos de chefia, mas a habilidade de obter do grupo o reconhecimento da liderança e a cooperação espontânea.

 

Daí pode-se entender a inteligência emocional como sendo a capacidade de identificar sentimentos próprios e dos outros, de motivar a si mesmo e de gerenciar bem as emoções dentro de si e no relacionamento com outros. Inclui a capacidade de aplicar eficazmente o poder e a perspicácia das emoções como uma fonte de energia, informação, influência e conexão com outros seres humanos. Basicamente, a Inteligência Emocional se compõe dos seguintes elementos:

 

Auto-conhecimento - A falta de habilidade de reconhecer sentimentos próprios deixa-nos à mercê de nossas emoções e impulsos. Enquanto que estando presente está habilidade temos um melhor domínio de nossa vida.

 

Auto-regulação – Pessoas pobres nessa habilidade tem dificuldade de se recuperar de aflições e afundam freqüentemente em sentimentos de incertezas. Em contraste as pessoas que possuem controle emocional tendem a recuperar-se mais rapidamente dos revezes e dificuldades da vida.

 

Auto-motivação – Habilidade essencial para uma pessoa manter-se determinada a alcançar suas metas, ficar sempre no controle da situação e usar a criatividade na busca de soluções. É uma característica marcante nos grandes líderes.

 

Empatia – Capacidade de sentir o que o outro sente, colocar-se no lugar do outro, situar-se na perspectiva alheia, criando sintonia. Propicia relacionamentos mais saudáveis e gratificantes.

 

Relacionamentos Interpessoais – habilidade de lidar bem com os sentimentos, podendo interagir de maneira harmônica e produtiva com outros. Pessoas com essa habilidade são mais eficazes nas situações de interação. Conseguem dar e receber feedback de maneira eficaz, assertiva e autêntica, além de saber ouvir e reagir positivamente às críticas.

 

É bastante difícil medir ou fazer uma avaliação quantitativa da Inteligência Emocional, porque as emoções são intangíveis. Elas não podem ser medidas com exatidão. Há muitos fatores internos e ambientais, nem sempre conhecidos, que interferem na manifestação e no manejo das emoções e sentimentos. Deve-se desconfiar da seriedade de qualquer teste que tente medir com exatidão o QE. Qualquer tentativa de medida terá apenas um resultado aproximado. Os teste que foram muito utilizados para medir o QI tinham apenas um valor relativo, mas receberam uma importância exagerada. Para medir o QE, os testes não têm sentido, pois há muitas variáveis que dificultam e podem levar a uma falsa avaliação. Há, no entanto, muitas formas de perceber o QE através da observação das atitudes.

 

O professor convencional foi treinado apenas para transmitir conteúdos. Não sabe o que fazer diante de problemas como agressividade, violência, drogas, desvios da sexualidade, inferioridade, dificuldade de expressão e baixa auto-estima. Para lidar eficientemente com as dificuldades de seus alunos, é preciso que o professor compreenda o funcionamento dinâmico da psique dentro de si mesmo. Precisa preparar-se através do uso de instrumentos que ampliem seu autoconhecimento, ajudando-o a lidar cada vez melhor com suas frustrações, emoções e sentimentos e com situações de conflito e de relacionamento. É importante que reconheça e saiba transmitir conhecimentos. Mas isso não é suficiente. Precisa também investir sistematicamente num processo de expansão da consciência, incluindo o bom uso dos sentimentos e afetos, que o prepare para viver de maneira mais integrada. Só assim poderá preparar alunos para a vida. (SABBI, 2004, p. 63).

 

Para Cooper, (1997) “mais de dois terços do sucesso pessoal e profissional se deve à competência emocional, e apenas um terço é creditado ao preparo técnico e cognitivo do qual se ocupam as escolas.

 

Pelo bom uso das emoções podemos assumir mais responsabilidade e nos relacionarmos na base da confiança e do trabalho em equipe, transformando nossa insatisfação em algo positivo. Também podemos desenvolver atitudes de compromisso e lealdade, aprender a administrar as mudanças de forma adequada e até perceber as opções mais rendosas e lucrativas.

 

O educador do futuro realizará uma abordagem holística, ou seja, levará em conta todas as dimensões do ser humano. Inclui, além da inteligência cognitiva e emocional, uma abordagem transpessoal. Utilizará técnicas de dinâmica de grupo, trabalho de autoconhecimento através dos sonhos, a mitologia pessoal, o relaxamento e a meditação. Usará técnicas para estimular a expressão interna através da arte e poderá até mesmo utilizar recursos mais poderosos, como a Respiração Holotrópica, a Neurolinguística e outras abordagens. Os índios Senói, da Malásia, nos deram um belo exemplo, utilizando os sonhos para o autoconhecimento e construindo uma sociedade sem violência. Por que será que resistimos tanto em usar seus conhecimentos e práticas em nossa educação? ( SABBI, 2004, p. 65).

 

O poder “mágico” que habilita os corações das crianças e dos poetas é a forças das emoções, quem dera soubéssemos educá-las para nossa felicidade. O manejo sábio da afeição, ou mesmo da raiva, do medo, da tristeza ou da alegria não nos foi ensinado na escola e, na maior parte das vezes, nem na família.

 

Mas o uso habilidoso das emoções e sentimentos é fator implícito de sucesso e bem-aventurança em qualquer sociedade. As emoções são ferramentas muito poderosas, usadas a todo o momento. Elas nos ajudam ou atrapalham no desempenho das nossas funções e no traçado de rumos de nossas vidas.

 

Certas situações dependem mais da nossa capacidade de interagir satisfatoriamente com os que estão a nossa volta. O sucesso dessa interação está diretamente ligado à vida emocional das pessoas envolvidas, ao modo como lidam com os sentimentos e conflitos internos.

 

A inspiração e a criatividade, assim como a força para viver e a liderança, vêm do lado emocional. Assim é que o professor que almeja ser bem sucedido, conseguir com que seus alunos se desenvolvam e produzam resultados satisfatórios, terá implicitamente que desenvolver sua própria inteligência emocional. Aquele que se torna emocionalmente educado entende que as emoções podem conferir poder às pessoas. A educação emocional é a chave do poder pessoal, pois as emoções são poderosas. Se conseguirmos fazê-las funcionar a nosso favor, elas serão a nossa força.

 

Tudo isso pode ser desenvolvido em qualquer idade.

 

A importância das emoções e dos sentimentos é fundamental, pois destes provém a motivação que move o mundo, numa ou noutra direção.

 

As emoções constituem a fonte mais poderosa de motivação, orientação, autenticidade e energia e podem nos oferecer um manancial de sabedoria intuitiva, informação, força pessoal, influência e inovação.

 

Na atuação das emoções, e não apenas na mente, é que o gênio criativo se manifesta e se mantém honesto consigo mesmo, molda relacionamentos na base da confiança, proporciona a bússola interna para nossa vida e nossa carreira, orienta-nos para novas e inesperadas possibilidades e pode mesmo salvar nossa vida de tantas ameaças conhecidas.

 

As emoções não são como se pensava no passado uma fraqueza, é, antes uma poderosa força que podemos e devemos usar para o viver bem.

 

Professores fascinantes ensinam os alunos a explorar o mundo que são, o seu próprio ser. ... A emoção pode transformar ricos em paupérrimos, intelectuais em crianças, poderosos em frágeis seres. Eduque a emoção com inteligência. E o que é educar a emoção? É estimular o aluno a pensar antes de reagir, a não ter medo do medo, a ser líder de si mesmo, autor da sua história, a saber filtrar os estímulos estressantes e a trabalhar não apenas com fatos lógicos e problemas concretos, mas também com as contradições da vida. (CURY, 2003, p. 66)

 

Como educadores nos preocupa o fato de que nossos alunos possam lembrar-se dos conteúdos aprendidos, no entanto muitas vezes isso não é o que realmente acontece, de fato invariavelmente eles apenas lembram do suficiente – se chegam a tanto, para apenas passar nas provas.

 

Algumas implicações da relação da emoção que interferem no registro da memória:

– Ensinar a matéria estimulando a emoção dos alunos desacelera o pensamento, melhora a concentração e produz um registro privilegiado.

– Os professores e os pais que não provocam a emoção dos jovens não educam, apenas informam.

– Dar conselhos e orientações sem emoção não gera “momentos educacionais” no mercado da memória.

– Pequenos gestos que geram intensa emoção podem influenciar mais a formação da personalidade das crianças do que gritos e pressões.

– As brincadeiras discriminatórias e os apelidos pejorativos feitos em sala de aula podem gerar experiências angustiantes capazes de produzir graves conflitos.

– Proteger a emoção é fundamental para se ter qualidade de vida. ( Idem2003, p. 109).

 

Vê-se a grande responsabilidade que temos ao lidarmos com nossos alunos, visto que isso implicará lidar também com suas emoções que nos darão ou não um registro adequado dos conteúdos que lhes ensinamos. Os cuidados que tivermos ou deixarmos de ter, farão a diferença.

 

A emoção não apenas determina se um registro será frágil ou privilegiado, mas determina o grau de abertura dos arquivos num determinado momento. O acesso à memória dos computadores é livre. Na inteligência humana este acesso tem que passar pela barreira da emoção. Se uma pessoa está tranqüila ou ansiosa, o grau de abertura da sua memória e, conseqüentemente, sua capacidade de pensar estarão afetados por essas emoções. (Ib idem, 2003, p. 112).

 

CONCLUSÃO

 

Quanta beleza há no mundo que nos cerca, na diversidade de pessoas e meios, por que se deter nas mazelas da vida e não nas coisas boas, claro que não podemos fechar os olhos, mas podemos e devemos nos deter naquilo do qual podemos edificar, construir, elaborar, produzir, fazer melhor, lembremo-nos que se no lençol branco houver uma mancha, ainda existe mais de noventa e nove por cento de lençol branco. Façamos da mancha quem sabe uma decoração, antes que uma feia visão.

 

Nossos alunos são deveras seres humanos em construção em todos os aspectos, alguns nos chegam com alicerce mal assentados, precisarão ser reconstruídos, outros nos chegam com alicerces distorcidos, precisam ser reparados, há os que pouco ou quase nada tem em termos de emoções, talvez sejam apenas convulsões emocionais, são de fato incertas, confusas, precisaram de “mão” perita e sensível para orientar, soerguer, reconstruir, alinhar para que por fim nosso trabalho possa ser efetivamente o que queremos o de educadores, e educandários.

 

 

BIBLIOGRAFIA

 

COOPER, Robert K. Inteligência emocional na empresa. RJ: Campus, 1997.

 

CURY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, Professores Fascinantes. Rio de Janeiro – RJ. Editora Sextante, GMT Editores Ltda. 2003.

FILHO, Lourenço. In A pedagogia de Rui Barbosa. 2ª ed. São Paulo: Melhoramentos, 1956. p. 17.

 

GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. RJ: Objetiva, 1995.

 

GOLEMAN, Daniel. Trabalhando com Inteligência Emocional, RJ: Objetiva, 1998.

 

PIAGET Jean. Para onde vai a educação? 13. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1996. p. 63.

 

PIAGET Jean. O juízo moral na criança. São Paulo: Summus, 1994. p. 270.

 

SABBI, Deroni.. Sinto, Logo Existo.. Porto Alegre – RS Sabbi Institute Desenvolvimento Humano, 2004

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